sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Ensaio, Edição, Tradução

 


 

Cinco décadas de crítica, ensaio, dicionarística, antologias, edição e tradução estão resumidas em dez volumes, disponíveis em papel e/ou pdf [Garamond, corpo 11]:

 

1. Ensaios de Cultura [2016], 2023, 644 páginas.

Os 28 Ensaios de Cultura assentam na complementaridade entre historiador e analista da cultura face a conjuntos culturais diversos. Convocados elementos visuais (arte rupestre, origens da escrita, vitral, artes plásticas, pequena escultura) e sonoros (fonógrafos, gramofones), domina o livro enquanto meio de comunicação impresso, suas dedicatórias e seus brancos. Olha--se, desde a Idade Média, ao conto popular, à viagem, ao desporto, aos óculos, ao almanaque, à polémica, ao elogio dos bombeiros e aos quadros propondo ‘A Virgem e o Menino’ na Cultura Portuguesa; desde a Roma antiga, à fortuna dos nomes Célia e Lídia. A ilustração do idioma – após 1536, e antológica de seiscentistas – decorre até hoje, ora dissecando o discurso político em 1976, ora intervindo em debates ortográficos ainda acesos.

Que personalidade cultural será, porém, a nossa, e que mitos alimenta? Como, no corpo nacional, se executa, ao longo dos séculos, a ‘pátria breve’ transmontana e alto-duriense, seja em figuras maiores, ou na aventura conjugal bragançana de Pedro e Inês? Essas mais longas reflexões decorrem do texto inaugural, qual introdução ao estudo da Cultura, que também sinaliza os princípios orientadores de uma entrega de décadas à investigação e ao ensino.

 

2. Estudos de Literatura Portuguesa, 371 p.

Gil Vicente e a edição crítica de Exortação da Guerra, João de Barros e Ropicapnefma, o processo inquisitorial de Fernando Oliveira, Luís de Camões (de «Um mover d’olhos, brando e piadoso» a larga matéria sobre Os Lusíadas e sua edição da princeps), André Falcão de Resende, vário António Vieira, Filinto Elísio e Bocage têm parte maior neste conjunto desde a lírica trovadoresca até à passagem de Setecentos para Oitocentos, seja, dentro do Velho Regime.

 

3. Tomé Pinheiro da Veiga, Fastigínia, 2011, 1064 p.

Cem anos após Fastigimia (1911), editei Fastigínia, agora revista, face a novos manuscritos – 17, no total – e a uma recepção cada vez mais significativa de obra-prima (1605) em que, pela primeira vez, ecoam D. Quixote e Sancho Pança, no quadro do nascimento do futuro Filipe IV de Espanha e de Valladolid em festa.

Às CCC páginas de introdução seguem-se 24 páginas de frontispícios ou, na falta destes, de inícios de manuscritos, a par de documentação autógrafa. O texto da obra ocupa 1-420 páginas, seguindo 421-738 páginas em corpo 9 de Variantes e Notas. Em pdf, 827 p.

 

4. Cultura Literária Oitocentista [1999], 2022, 842 p.

As relações entre Literatura e Jornalismo no quadro da História nacional vêm fundando os meus trabalhos de Cultura Portuguesa. A componente da Língua é reforçada na investigação de um tempo sob os Filipes, pontuando leituras desde Quinhentos, como se mostra em Ensaios de Cultura. 

Essas quatro disciplinas concorrem nos ensaios sobre matéria oitocentista aqui reunidos. A Imprensa periódica é a via real. Se a Literatura subsumir o Teatro e não nos distrairmos da Instrução – para que o Jornalismo (em particular, via folhetim) tão proficuamente concorreu –, temos a «utensilagem mental» (Lucien Febvre) decisiva no século XIX. O conhecimento do canónico não me distrai do periférico, e defendo movimentos subterrâneos que iluminem caminhadas. Fundado em exemplos bastantes com que alargar horizontes, há interpretações consequentes de um tempo, conceito, linguagem, escola, autor, obra, etc., visando conhecer melhor o demorado regime mental de que ainda participamos. 

Imaginação de ficcionista, sempre me interessou a vivência quotidiana dos povos, procurando entrever a cultura literária material em que assenta a prática dos oficiantes. Assim, reforçada por Mágico Folhetim. Literatura e Jornalismo em Portugal, delineia-se a instituição, que inaugurava e deu título a Cultura Literária Oitocentista (1999).

A “Introdução” resume 1801-1850, que Giulia Lanciani traduziu no seu Storia della Letteratura Portoghese, II, Roma, 2014. Sucedem sínteses sobre o Ultra-Romantismo e a Geração de 70, num esforço de clarificação. Matérias novas alargam a primeira parte, precedendo Garrett, acrescentado de Herculano e de balanço castiliano. Os capítulos seguintes vão além dos originários António Augusto Teixeira de Vasconcelos, Santos Nazaré e Júlio Dinis, ou do Junqueiro romântico, de algum Eça, vasto Ramalho Ortigão e Trindade Coelho. Saliento um poema inédito de Cesário Verde.

 

5. A Queda Dum Anjo [2001, 2015] e Novas Páginas Camilianas, 2023, 770 p.

Duas dezenas de trabalhos Camilo Castelo Branco, desde 1973, entre notas de jornal, prefácios, edição de novelas, verbetes de personagens, antologia poética ou alguma farpa inédita, talvez façam de mim um camiliano. Entre as edições que preparei, saliento a edição crítica d’A Queda Dum Anjo, bem como antologia da poesia.

 

6. Mágico Folhetim. Literatura e Jornalismo em Portugal / Crónica Jornalística. Século XIX [1998 / 2004, 2017], 2022, 1086 p.

Um clássico sobre o nascimento da Imprensa de massas e tipologia do jornalismo cultural oitocentista.

 

7. Da Corte Luso-Brasileira à República [quatro livros de 2008, 2008, 2010, 2012: A Corte Luso-Brasileira no Jornalismo Poertuguês (1807-1821); O Século de Lopes de Mendonça: O Primeiro Jornal Socialista; 5 de Outubro – Uma Reconstituição; O Jornalista Republicano Alves Correia. Antologia; seguidos de quatro artigos], 476 p.

 

8. Verso e Prosa de Novecentos [2000, 2018], 768 p.

Poesia, ficção, teatro, diarística, ensaio e recensões de autores portugueses do século XX e alguns acenos no séc. XXI.

 

9. Literatura Europeia e das Américas, 2019, 264 p.

Sade, Sarte e Lukács, espanhóis, italianos, centro-europeus, Bulgakov, e, entre latino-americanos, alguns brasileiros e Jorge Luis Borges.

 

10. Hungarica, 2022, 520 p.

Principal tradutor de húngaro em língua portuguesa durante 40 anos, trato das relações entre os dois países, ofereço uma breve história da literatura húngara e, a par de novas ficções, dou antologia da poesia desde o séc. XV.

 

 

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