Cinco décadas de crítica,
ensaio, dicionarística, antologias, edição e tradução estão resumidas em dez
volumes, disponíveis em papel e/ou pdf [Garamond, corpo 11]:
1. Ensaios de Cultura [2016], 2023, 644 páginas.
Os 28 Ensaios
de Cultura assentam na complementaridade entre historiador e analista da
cultura face a conjuntos culturais diversos. Convocados elementos visuais (arte
rupestre, origens da escrita, vitral, artes plásticas, pequena escultura) e
sonoros (fonógrafos, gramofones), domina o livro enquanto meio de comunicação
impresso, suas dedicatórias e seus brancos. Olha--se, desde a Idade Média, ao
conto popular, à viagem, ao desporto, aos óculos, ao almanaque, à polémica, ao
elogio dos bombeiros e aos quadros propondo ‘A Virgem e o Menino’ na Cultura
Portuguesa; desde a Roma antiga, à fortuna dos nomes Célia e Lídia. A
ilustração do idioma – após 1536, e antológica de seiscentistas – decorre até
hoje, ora dissecando o discurso político em 1976, ora intervindo em debates
ortográficos ainda acesos.
Que personalidade cultural será, porém, a
nossa, e que mitos alimenta? Como, no corpo nacional, se executa, ao longo dos
séculos, a ‘pátria breve’ transmontana e alto-duriense, seja em figuras
maiores, ou na aventura conjugal bragançana de Pedro e Inês? Essas mais longas
reflexões decorrem do texto inaugural, qual introdução ao estudo da Cultura,
que também sinaliza os princípios orientadores de uma entrega de décadas à
investigação e ao ensino.
2. Estudos de Literatura Portuguesa, 371 p.
Gil Vicente e a edição crítica de Exortação da Guerra, João de Barros e Ropicapnefma, o processo inquisitorial
de Fernando Oliveira, Luís de Camões (de «Um mover d’olhos, brando e piadoso» a
larga matéria sobre Os Lusíadas e sua
edição da princeps), André Falcão de Resende, vário António Vieira,
Filinto Elísio e Bocage têm parte maior neste conjunto desde a lírica
trovadoresca até à passagem de Setecentos para Oitocentos, seja, dentro do
Velho Regime.
3. Tomé Pinheiro da Veiga, Fastigínia, 2011, 1064 p.
Cem
anos após Fastigimia (1911), editei Fastigínia,
agora revista, face a novos manuscritos – 17, no total – e a uma recepção cada
vez mais significativa de obra-prima (1605) em que, pela primeira vez, ecoam D.
Quixote e Sancho Pança, no quadro do nascimento do futuro Filipe IV de Espanha
e de Valladolid em festa.
Às CCC páginas de introdução seguem-se
24 páginas de frontispícios ou, na falta destes, de inícios de manuscritos, a
par de documentação autógrafa. O texto da obra ocupa 1-420 páginas, seguindo
421-738 páginas em corpo 9 de Variantes e Notas. Em pdf, 827 p.
4. Cultura Literária Oitocentista [1999], 2022, 842 p.
As relações entre
Literatura e Jornalismo no quadro da História nacional vêm fundando os meus
trabalhos de Cultura Portuguesa. A componente da Língua é reforçada na
investigação de um tempo sob os Filipes, pontuando leituras desde Quinhentos,
como se mostra em Ensaios de Cultura.
Essas quatro disciplinas concorrem nos
ensaios sobre matéria oitocentista aqui reunidos. A Imprensa periódica é a via
real. Se a Literatura subsumir o Teatro e não nos distrairmos da Instrução –
para que o Jornalismo (em particular, via folhetim) tão proficuamente concorreu
–, temos a «utensilagem mental» (Lucien Febvre) decisiva no século XIX. O
conhecimento do canónico não me distrai do periférico, e defendo movimentos
subterrâneos que iluminem caminhadas. Fundado em exemplos bastantes com que
alargar horizontes, há interpretações consequentes de um tempo, conceito,
linguagem, escola, autor, obra, etc., visando conhecer melhor o demorado regime
mental de que ainda participamos.
Imaginação de ficcionista, sempre me
interessou a vivência quotidiana dos povos, procurando entrever a cultura
literária material em que assenta a
prática dos oficiantes. Assim, reforçada por Mágico Folhetim. Literatura e Jornalismo em Portugal, delineia-se a
instituição, que inaugurava e deu
título a Cultura Literária Oitocentista
(1999).
A “Introdução” resume 1801-1850, que Giulia
Lanciani traduziu no seu Storia della
Letteratura Portoghese, II, Roma, 2014. Sucedem sínteses sobre o
Ultra-Romantismo e a Geração de 70, num esforço de clarificação. Matérias novas
alargam a primeira parte, precedendo Garrett, acrescentado de Herculano e de
balanço castiliano. Os capítulos seguintes vão além dos originários António
Augusto Teixeira de Vasconcelos, Santos Nazaré e Júlio Dinis, ou do Junqueiro
romântico, de algum Eça, vasto Ramalho Ortigão e Trindade Coelho. Saliento um
poema inédito de Cesário Verde.
5. A Queda Dum Anjo [2001, 2015] e Novas Páginas Camilianas, 2023, 770 p.
Duas dezenas de trabalhos Camilo Castelo
Branco, desde 1973, entre notas de jornal, prefácios, edição de novelas,
verbetes de personagens, antologia poética ou alguma farpa inédita, talvez
façam de mim um camiliano. Entre as edições
que preparei, saliento a edição crítica d’A
Queda Dum Anjo, bem como antologia
da poesia.
6. Mágico Folhetim. Literatura e Jornalismo em Portugal / Crónica Jornalística. Século XIX [1998 / 2004, 2017], 2022, 1086 p.
Um clássico sobre o nascimento da
Imprensa de massas e tipologia do jornalismo cultural oitocentista.
7. Da Corte
Luso-Brasileira à República [quatro livros de 2008, 2008, 2010, 2012: A
Corte Luso-Brasileira no Jornalismo Poertuguês (1807-1821); O Século de
Lopes de Mendonça: O Primeiro Jornal Socialista; 5 de Outubro – Uma
Reconstituição; O Jornalista
Republicano Alves Correia. Antologia; seguidos
de quatro artigos], 476 p.
8. Verso e Prosa de Novecentos [2000, 2018], 768 p.
Poesia, ficção, teatro, diarística,
ensaio e recensões de autores portugueses do século XX e alguns acenos no séc.
XXI.
9. Literatura Europeia e das Américas, 2019, 264 p.
Sade, Sarte e Lukács, espanhóis,
italianos, centro-europeus, Bulgakov, e, entre latino-americanos, alguns
brasileiros e Jorge Luis Borges.
10. Hungarica, 2022, 520 p.
Principal tradutor de húngaro em língua
portuguesa durante 40 anos, trato das relações entre os dois países, ofereço
uma breve história da literatura húngara e, a par de novas ficções, dou
antologia da poesia desde o séc. XV.
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